sábado, 20 de setembro de 2008

Reforma universitária e salário docente

Professor da UFJF recebe menos que um salário mínimo


Com a concretização dos reajustes salariais para os professores das
Universidades Federais, houve uma enorme distorção para o salário do
professor substituto. A MP que estabelece os reajustes retirou a
obrigatoriedade de complementação do salário mínimo na remuneração do
professor. Essa situação reduziu em mais de 50% o salário dos professores
substitutos em regime de 20 horas.Em alguns casos, o professor chega a
receber R$ 305,45 líquidos, para dar aulas na Universidade Federal de Juiz
de Fora.
Desde o final do ano passado, a Administração da Universidade vem
incentivando a contratação de professores em regime de 20 horas, justificada
pelas regras do professor equivalente, que permite a contratação de mais
professores 20h em detrimento dos de 40h e DE. Várias unidades passaram a
responsabilidade de inúmeras disciplinas para substitutos, que hoje tem suas
condições de trabalho extremamente precarizadas. Qual será a repercussão
dessa política para o ensino na UFJF? Será que é assim que o governo quer
valorizar o trabalho docente?
No final do ano passado, a Universidade aderiu ao REUNI, propondo a
criação de vários cursos, desconsiderando a necessidade de um debate mais
aprofundado sobre o tema.O reflexo dessa decisão já começa a aparecer para o
próximo vestibular, uma vez que a aprovação dos processos de criação dos
cursos demonstra grande fragilidade com a preocupação acadêmica. A discussão
no CONSU se deu a toque de caixa, sem que houvesse pareceres favoráveis de
vários departamentos que terão que aumentar o número de alunos em diversas
disciplinas para atender a demanda desses novos cursos.
O déficit de docentes é incontestável e apesar dos anúncios de
concursos públicos o que cresceu, proporcionalmente, nos últimos anos, foi o
número de substitutos. Como garantir a criação de cursos de qualidade com
essa precarização do trabalho?
A situação vivenciada pelos professores substitutos não é um problema
isolado desses professores e sim um problema de todos os docentes da UFJF,
pois essa situação compromete o trabalho docente, a dignidade do trabalho e
a qualidade da Universidade brasileira.


Alvaro Quelhas

 

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